quinta-feira, junho 05, 2008

Brasileiro? Quem?


O que é ser brasileiro? Ser tentarmos definir em relação aos aspectos geográficos, jurídicos e diplomáticos, talvez conseguiremos; mas parece que “identidade nacional” e “nação brasileira” exigem mais.

O país é caracterizado historicamente por consideráveis desigualdades econômicas, sociais, culturais e políticas – entre classes, etnias e regiões.
Há quem exclua a existência de uma “identidade nacional brasileira”; se realmente houve algo no passado, este estaria sumindo.
Há também a presença de certos traços etno-culturais comuns à maioria dos brasileiros, embora esses traços encontrem-se diferentemente modulados conforme as regiões, classes sociais, etc. Esses traços podem tentar definir uma “braziliannidad”.

O que é nação? Identidade nacional? Auto-afirmação brasileira? Cultura Brasileira? Essas definições sugerem a obrigação de subordinar os interesses e identidades das famílias, regiões, étnicas a um interesse geral; mas também nega a existência da luta de classes.

O discurso de nação (seja da nação, para a nação ou sobre ela) não propõe um estudo, mas sim uma ideologia do que seria e poderia ser a Nação. Essa conotação ideológica não seria, por si só, depreciativa, mas o discurso nacional não vai de encontro ao de uma igualdade social.
Não haveria a individualização, mas um todo; um ‘bolo nacional’ que trata da identidade nacional como um produto de todos, e individualmente falando, a participação de cada um neste produto; daí teríamos o nacional-popular.

O que é nacional, no Brasil, não é popular; e o que é popular, não é nacional, deixando assim, o conceito de nacional-popular vazio e totalmente sem sentido.

Toda identidade humana implica numa certa permanência através do tempo e num aspecto auto-referencial. A identidade deve se enunciar, se fixar, para realmente “ser”. Não podemos dizer que somos músicos ou jornalistas se nunca o formos.

O Brasil nunca foi livre, nunca houve independência. Nosso país foi livre quando não era Brasil, então isto não conta. Se há ou houve liberdade alguma, está acontecendo agora (será?). Temos essa caracterização brasileira de ser, temos músicas, novelas, peças, acontecimentos, movimentos (ainda que poucos) mais brasileiros.

O “canarinho” não é mais tão guiado como sempre foi. Brasil colônia portuguesa, Brasil império inglês e francês, Brasil holandês; independência com a ajuda dos ingleses; independência de que? De quem? De nós mesmos? Será que abdicamos da nossa identidade em busca da nossa identidade – livre?

Nós conseguimos viver com as diferenças, apesar dos problemas sociais e da guerra civil urbana; Brasil multifacetado.
Aqui há religiões vivendo em paz, enquanto lá fora, em muitos lugares, todos tentam se “fagocitar” e acabam por se apagar aos poucos.

As escolas deixam muito a desejar, pois não investem nem crêem no nacional, no potencial que temos, no que é nosso. A mídia precisa se nacionalizar, defender o patriotismo; a ética e cidadania (talvez de modo até ditatorial).

É difícil dizer, mas hoje em dia, somos alguém; temos nossas memórias trágicas, nossos medos, nossas angústias, mas quem não os tem? Independente disso tudo, temos nossa utopia, que nos faz lutar pelo nosso pão de cada dia. Ao menos teoricamente.

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